Às vezes, sinto alguma dor,
na carne que em vida dói;
mesmo sendo uma dor menor
de dada chaga que me corrói;
embora saiba que a dor maior,
é a da alma que mais destrói.
Não sinto a dor que invento,
por não ter mais o que perdi;
tão nobre é o meu sentimento
achando alívio contemplando o colibri
haurindo o néctar da flor no rebento,
se mais não tenho a dor que senti.
Se me dói, às vezes, a carne mortal,
é porque passo por doridas provações;
a dor eventual que sinto na alma imortal,
é fruto de minhas vis imperfeições;
mas o bom senso me conduz ao bem moral,
tão essencial às minhas benévolas depurações.
Não quero à minha alma, a dor que violenta,
movida por ações nocivas ao meu bem-estar
espiritual; quero a arte de escrever, que me alenta
do canto lírico suficiente para me encantar;
mediante esse estro, que muito me acrescenta,
sobretudo em valia moral que possa me edificar.
Não há dor que perdure na alma que se edifica,
após a correção das várias faltas cometidas;
sempre vale a pena para a alma que se dedica,
ao amor, ao bem comum, próprio das almas bem-queridas;
sendo que, a dor, oriunda do mal que a alma pratica,
pode-se revertê-la em alívios morais nas etapas evoluídas.
Não sinto assim, a dor que não cabe nessas sextilhas,
tão oportunas ao meu bem-estar de poeta inspirado;
decerto, noutro momento, continuo meu canto em redondilhas,
não de dor, mas de alívio, por sentir-me tão edificado;
porquanto, essas líricas sextilhas rimadas, são maravilhas
poéticas que sempre aprimoro em meu espírito abençoado.
Escritor Adilson Fontoura
Nenhum comentário:
Postar um comentário