Desde o império até os dias de hoje no Brasil, mesmo já sendo uma
democracia, que o poder ainda pertence à minoria oligárquica, e não à maioria
popular. E isso ocorre porque a consciência inferior do nosso povo prefere a prática
maléfica do orgulho e do egoísmo, estimulando o mal sócio afetivo, em
detrimento do exercício benéfico da humildade e da caridade, impelindo o bem
coletivo no seio da sociedade da qual faz parte. A melhoria da vida humana não
se dá de uma vez, sobretudo a melhoria moral. E é a ausência de predominância
das virtudes na consciência do nosso povo, que vem prejudicando desde os tempos
remotos até a nossa contemporaneidade, todo o processo político social do
Brasil. Quem constitui o poder democrático é o povo. Desse modo, se o poder que
nos representa está imoral, é porque a sociedade que o constitui está imoral.
Cabe, então, uma renovação consciencial paulatina em nossa estrutura sócia
política, que inclua não só, reverter o mau hábito de eleger e reeleger
políticos corruptos, eliminando-os da vida pública, como também investir em
educação, em civilidade, em cidadania, em politização, em moralização pública e
privada. Na democracia, se o povo é quem detém a soberania, cabe-lhe sempre o
papel principal de renová-la para melhor. Não se melhora a qualidade de vida de
um povo, oferecendo-lhe migalhas de benefícios sociais, condicionando-o a uma
alienação encabrestada crônica, marginalizando-o como pária desprezível na
sociedade, ou sistematizando o assistencialismo eleitoreiro para manter-se no
poder como fascistas nacionalistas disfarçados de democratas. O nosso povo
precisa reagir em benefício moral de si próprio, corrigindo-se enquanto poder
popular soberano, tendo a decência de eleger e reeleger representantes dignos
que cuidem com amor e respeito de quem lhe outorga o poder, o povo, mas com
caridade social, e não com egoísmo antissocial. A nossa nação é rica dos
valores e bens materiais, porém, pobre dos valores e bens morais. A exclusão, a
desigualdade, a subserviência e conivência ao poder corrupto, é fruto da
ignorância consciencial do nosso povo, que, infelizmente, ainda não despertou
(mas sempre é tempo oportuno de destruir um poder indecente, construindo um
poder decente) deveras ao seu próprio bem-estar físico e espiritual, posto que,
continua favorecendo o mal no poder elitista imoral, em detrimento do bem no
poder popular moral.
Escritor Adilson Fontoura
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