São nessas horas difíceis que refletimos acerca do mal ainda tão
predominante em detrimento do bem em nossa evolução... O futebol é educação, é
cultura, é lazer, é arte, é interação fraterna entre os povos... Quem joga o
futebol, ou outro esporte, sabe que pode ganhar ou perder a competição, e a
disputa assim, torna-se acirrada, aguerrida, com cada time querendo conquistar
a tão cobiçada vitória... Durante a partida, a força física, a disposição, o
choque, se alterna com a habilidade, o talento, a inteligência na construção
das melhores jogadas, dos lances primorosos que culminam com o objetivo final
desse esporte mais popular entre nós, que é o gol! A vitória pode ser de um ou
mais gols. Quando é de um gol é apertada. Quando é de três, quatro é goleada...
Como vivemos no capitalismo perverso e excludente, o futebol, a despeito de ser
um esporte, mas é também uma profissão rentável para os dirigentes e jogadores;
e para os torcedores paixão, fanatismo... Nesse jogo de bem mais interesses
materialistas, e bem menos interesses espiritualistas, o males do orgulho, do
egoísmo, da inveja, da ambição, da violência, do desrespeito que estimulam o
ódio, predominam sobre os bens da humildade, da caridade, da fraternidade, do
humanitarismo, do pacifismo, do respeito ao semelhante que estimulam o amor...
Todas as nossas ações sócias afetivas, visam aprendizagem evolutiva interagindo
com o nosso próximo. Mais relevante que os corpos físicos efêmeros, são os
espíritos eternos neles alojados, manifestando-se intelectualmente, tentando
subtrair os defeitos e adicionando as virtudes nas consciências ainda
inferiores moralmente. E quando as más ações prevalecem sobre as boas ações, o
mal destrutivo continua ganhando força sobre o bem construtivo... A alegria, o
amor entre nós, não têm que ser interesseiros, têm que ser espontâneos.
Precisamos exercitar e semear a simplicidade do viver espontâneo coletivo, que
nos harmoniza e nos impele à paz social. Temos que aprender a conviver
socialmente não com violência física e moral, que estimula o mal, mas com
espírito pacífico, solidário, que impele o bem... Um evento como a Copa do
Mundo, que serve à união coesa de congraçamento entre os povos, passa a ter
objetivos mesquinhos de poder material, de exibicionismo exagerado, de destacar
esse ou aquele jogador como celebridade, excluindo os demais, que, mesmo
presentes na competição ficam no anonimato, sentindo-se diminuídos em seus
valores, que desse modo, tomam atitudes violentas, tresloucadas a ponto de
agirem com violência extrema, com jogadas criminosas tirando o adversário da
competição... A mídia interesseira capitalista, cuidando do assédio
jornalístico mais leviano do que ingênuo, mais destrutivo do que construtivo,
mais preconceituoso do que igualitário, mais insensato do que coerente, acaba
contribuindo para que o maior evento coletivo do planeta torne-se uma guerra
esportiva capaz de alteração excessiva dos ânimos, impulsionando o predomínio
da insanidade moral entre os espíritos envolvidos na competição, mediante as
agressões físicas, cujas lesões podem aniquilar com a carreira profissional do
jogador de futebol, além de causar-lhe profundos traumas psíquicos. O futebol
como esporte será sempre admirável, apaixonante, envolvente, mas desde que se
tornou um negócio economicamente lucrativo, perdeu as suas características
culturais educativas, passando a ser um jogo sujo de interesses mercantilistas.
E, nesse sentido, deixa de cumprir a sua função relevante de bem-estar
esportivo, que humaniza a alma humana fraternalmente em sua amplitude coletiva.
Posto que, o seu principal interesse é mascarar-se como cultura esportiva,
valendo-se da paixão fanática do povo, para beneficiar economicamente um grupo
de pessoas cada vez mais elitizadas no seio da maioria social carente de uma
melhor qualidade de vida, tanto espiritual quanto material; promovendo a
oligarquia esportiva desigualitária, que não educa, não civiliza, não iguala,
não moraliza; pois a prevalência dos interesses pelos valores e bens materiais,
inibe a consciência até agora inferior de ocupar-se mais com a aquisição dos
valores e bens morais em si, que, sem dúvida, contribuem bem mais de forma
edificante e salutar pro bem-estar evolutivo do ser espiritual.
Escritor Adilson Fontoura
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