Fim de tarde
na planície sertaneja.
O indício solar
exibe a beleza
crepuscular.
Após o canto mavioso,
indecisa,
a juriti voeja.
Busca escolher
a árvore mais adequada
para repousar.
No fim do dia,
após o banho,
o que o sertanejo
mais deseja,
é sorver o café saboroso
feito recente.
A luta do sertanejo
e a paz do sertão
convivem irmanados
divinamente.
O sertanejo é,
antes de tudo,
um forte, já disse
Euclides da Cunha,
em Os Sertões!
Visto que, a terra
é, para ele, como
as almas sensíveis,
edificando
os humanos corações.
O sertão, em sua
aridez quase desértica,
sobrevive da chuva
que Deus manda
eventualmente,
molhando o solo
e gerando férteis
oásis, protegidos
pela pouca sombra
do mandacaru.
Desse modo, olhar
com fé para
o céu ensolarado
é um gesto habitual
do sertanejo, sempre
esperançoso de que
as nuvens brancas
se transformem
em nuvens escuras,
para que a evaporação
da água se reverta
em chuvas abundantes
fertilizando a terra
bendita, propiciando
as condições naturais
aos inúmeros plantios.
Por fim, o sertanejo nativo,
aquele que não pensa
em fazer outra coisa,
além de plantar para
colher, jamais pensa
em abandonar a terra
que nasce e nela quer
morrer; porque a terra
para ele, é a sua morada,
a sua sobrevivência,
o seu ninho fecundo
para viver em família,
a sua razão essencial
de existir, de lutar,
de procriar, de amar,
em harmonia
com a natureza.
Escritor Adilson Fontoura
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