Escritor Adilson Fontoura
A expectativa é sempre resultante de algo que
se queira fazer, em benefício próprio ou do próximo. E quando esse algo é posto
em prática, ficamos expectantes, esperançosos para que a ação pensada possa dar
certo. E quando não dar, nos frustramos, nos decepcionamos.
A nossa vida será sempre expectante, porque a
força natural das coisas, faz com que ela seja renovada todos os dias, mediante
os nossos contínuos pensamentos; e cada novo recomeço nos fortalece da
esperança, da perseverança, da vontade de realização dos nossos objetivos de
vida.
Como somos alunos aprendizes na escola da vida,
ainda temos muitas dificuldades de decidirmos o que é melhor no sentido
virtuoso, para nós e para o nosso próximo. E então as nossas ações se alternam
entre boas e ruins, havendo desse modo um desequilíbrio, uma desarmonia, pela
falta de uma sequência linear, motivada por sentimentos virtuosos nos atos
desenvolvidos, que venham a beneficiar não só a si, mas também a outrem com
quem estejamos envolvidos em laços afetivos fraternos, seja em família, na
atividade profissional, nos momentos de lazer, ou nos instantes interativos de
amizade.
Assim, o nosso estar no mundo, devido a nossa
imperfeição momentânea, vai sendo construído movido pelo desejo individualista
de fazermos o que for supostamente melhor para nós, sem nos importarmos se vamos
prejudicar o nosso próximo ou não. E nessa ação orgulhosa e egoísta, a nossa
expectativa pode até nos favorecer num primeiro momento, mas depois, num
segundo momento, com a continuidade dos nossos atos individualistas, a nossa má
ação egocêntrica, acabará por produzir um mau efeito em nós mesmos, resultante
da expectativa ilusória de querer favorecer só a si, quando poderia estar
compartilhando de ações cooperadas visando o bem comum.
Quando alguém se compraz com uma expectativa
egoísta, induzido pelo desejo excessivo de satisfazer-se com alguma ação que
presume lhe favorecer, precisa esforçar-se para diminuir as impurezas morais acumuladas
na consciência aprendiz. E quando alguém se satisfaz com uma expectativa
caridosa, o faz sempre sem esforço expectante, mas apenas movido pela vontade espontânea em
servir a outrem, já que lhe prevalece na consciência aplicada, as qualidades
virtuosas tão salutares ao seu bem-estar, e, ao bem-estar existencial do
próximo.
Como seres pensantes, seremos sempre
expectantes, porque os nossos pensamentos irão nos induzir à prática de
variadas ações de aprendizado existencial, gerando condições para que nos
renovemos todos os dias das nossas vidas. E quanto mais nos aplicamos no
exercício diário da autorreflexão, do autoconhecimento, da introspecção do
nosso interior pensante, vamos nos tornando mais sensíveis, mais conscientes,
mais humanitários, possibilitando sermos geradores constantes de bons
pensamentos e sentimentos, irradiando boas energias e vibrações, que irão
refletir-se no estímulo às ações sociais fraternas de bem-estar coletivo, e não
só individual, proporcionando continuamente expectativas recíprocas, mediante
as ações solidárias amorosas e bondosas, não só a si, mas ao próximo também.
O lado mau da expectativa, é quando ela é
motivada por sentimentos inferiores, quando a consciência orgulhosa e egoísta,
transmite às ações, energias negativas, que irão não só, continuar nutrindo a
própria consciência dos males impuros, mas também propagá-los às consciências
dos semelhantes que nos cercam, prejudicando a convivência social, tão
necessária ao aprendizado de aprimoramento moral.
E o lado bom da expectativa, é quando ela é
motivada por sentimentos superiores, quando a consciência humilde e caridosa,
transmite às ações, energias positivas, que irão não só, continuar nutrindo a
própria consciência dos bens puros, mas também irradiá-los e semeá-los às
consciências dos semelhantes que nos cercam, beneficiando o convívio social com
fluidos edificantes, visando a higienização, não só, do nosso interior
pensante, mas também do ambiente exterior no qual vivemos, onde outras energias
se concentram e precisam serem asseadas, para uma melhor absorção por todos
nós, dos seus nutrientes fluídicos revigorantes.
Considerar ou não as expectativas alheias,
depende de como as observamos e as
entendemos no próximo; e se estas estão sintonizadas ou não com as nossas
expectativas. Para quem age em suas ações visando o mal do próximo, a partir do
mal que predomina em si, claro que vai considerar e atrair pessoas que vibrem
na mesma faixa negativa ou malévola dos
propósitos pretendidos. E para quem atua visando o bem do próximo, a partir do
bem que prevalece em si, evidente que vai considerar e atrair pessoas que
vibrem na mesma faixa positiva ou benévola dos intentos pleiteados. Para quem
se afina com o mal, atrai a si, não só, pessoas maldosas, mas tenta também
subjugar outras mais inclinadas ao bem. E para quem se afina com o bem, não
precisa atrair as pessoas a si, visto que, as pessoas são que se achegam
naturalmente, movidas pela boa vontade expectante em receber o precioso auxílio
fraterno, repleto de energias vitalizantes, de quem auxilia com humilde
abnegação, em caridade espontânea, visando combater o mal com o bem, no exercício
diário construtivo do bem pelo bem.
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