Escritor Adilson Fontoura
Olho absorto para o rio,
e o vejo em mim fluindo;
a minha alma vai saindo,
de mim à água corrente;
e se junta à outra gente,
no fundo do rio sombrio.
E o vejo em mim fluindo,
como quem viaja ao eterno
mas não deseja o inferno;
nesse rio apenas cultivo,
o Bem como preceito vivo
do Criador em mim agindo.
A minha alma vai saindo,
do meu corpo para o rio;
o rio no tempo está frio
e toda gente me agasalha,
na água que não encalha;
água-amor para mim rindo.
De mim à água corrente,
segue minha alma pelo rio;
vai unir-se ao mar bravio
aonde habita outra gente,
de alma salgada e quente,
como o sol em pleno estio.
E se junta à outra gente,
que antes se nutria do rio
e não havia nenhum fastio;
mas agora, no grande mar,
vive essa gente a lamentar,
do doce rio no mar presente.
No fundo do rio sombrio,
ficou o meu corpo silente;
e o meu perispírito sente,
a alma pedindo pra voltar;
pra no meu corpo se alojar,
não no mar, mas no doce rio.
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