Desço bem
devagar pela encosta,
até a
beira do riacho repleto
de pedras
limosas, não só, porque
gosto de
contemplá-lo, mas também
porque
gosto de banhar-me
em suas
águas cristalinas na fresca
manhã,
quando o sol ainda
desponta
morno por detrás
da serra,
encoberta por árvores
frondosas,
depois de brilhar tão quente
do outro
lado do belo e abençoado
planeta
azul, que é tão mais de Deus
do que
nosso. Antes de banhar-me,
fico
alguns instantes abstraído,
jogando
pedrinhas em suas águas
límpidas,
que após se acomodarem
em seu
leito pouco profundo,
são logo
envoltas por algas verdosas,
que nelas
se assentam, sem temer,
de cima
das pedrinhas serem
retiradas,
a não ser quando a presença
da chuva
faz encher o riacho,
além do
tanto habitual de água;
quando
então as pedrinhas,
devido à força
das águas ,
rolam um
pouco mais à frente,
sem que
por isso, as algas, delas,
se
desprendam, por serem mais
leves do
que as leves pedrinhas.
Todas as
vezes que chego à beira
do
riacho, faço esse gesto simples
de jogar
pedrinhas em suas águas,
porque
quando o riacho está seco,
as
pedrinhas e as algas fazem
do seu
leito morada habitual.
Mas
quando chove e o riacho
transborda,
as pedrinhas,
junto com
as algas, são expulsas
do leito
do riacho pela força
das
águas, que as arremessam
à beira
das suas margens, e ali
ficam, na
quentura do dia,
ou na
frieza da noite, até que,
uma nova
chuva a devolvam
de novo
pro fundo do riacho;
ou então,
não sei porquê,
talvez
seja pela força de Deus
nas
coisas, elas ficam ali,
tão
pacientes me esperando,
para que
eu as segure tão amável,
e as
arremesse de novo ao leito
pouco
profundo do riacho,
porque as
pedrinhas e as algas,
sabem que
faço esse gesto
por amor
a elas, por amor
à
natureza, por amor a Deus.
Escritor
Adilson Fontoura
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