Observando a realidade transitória do nosso
tempo, entendo que não há em nosso mundo de imperfeição moral, nenhuma relação
afetiva pronta, acabada, perfeita. A história do príncipe ou da princesa
encantada é real nos mundos moralmente superiores, ilusória, contudo, em nosso
mundo ainda inferior moralmente, porque não condiz com a realidade sofrível das
nossas experiências afetivas. Como seres espirituais em desenvolvimento
evolutivo, sabemos que não temos ainda o devido preparo moral para vivermos uma
vida social harmoniosa e pacífica com o nosso próximo, devido aos nossos
defeitos morais prevalecerem sobre as nossas virtudes morais. A grande maioria,
por ignorância moral, opta por vivenciar o amor mundano, interesseiro, mais vinculado
aos prazeres carnais ou bens materiais, dificultando a presença edificante do
amor incondicional nas relações afetivas carnais, que eleva a consciência e a
vincula à satisfação e exercício dos bens morais nas ações sócio afetivas, tão
relevantes e essenciais pro bem-estar físico momentâneo e espiritual eterno de
nossa convivência social encarnada e desencarnada. Por outro lado, como alunos
aprendizes, deixando de sermos relapsos para sermos aplicados, o bom senso nos
diz que devemos todo tempo combater a má convivência, em benefício da boa
convivência sócio afetiva, nos vários setores sociais dos agrupamentos humanos.
E o grande desafio das almas inferiores, ao se submeterem às encarnações,
sobretudo nas relações afetivas familiares, é a tarefa de abnegada tolerância
para compreender os males morais que predominam nas consciências,
diminuindo-lhes a força de influência negativa, para que, os bens morais
sobressaiam construtivos, visando um melhor aproveitamento sentimental, mais
conforme ao ajustamento amoroso afetivo das almas que aprendem a evoluir
coletivamente; já que foram programadas no plano espiritual superior, para em tal
ambiente familiar se reunir, com o fim de resgate coletivo dos débitos
cármicos, acumulados nos arquivos espirituais dessas almas que se agrupam, a
princípio com boa vontade, antes de encarnar, mas depois que estão vivenciando
a encarnação, negam-se em tolerarem-se, deixando de exercer reciprocamente a
caridade espiritual nas relações sócio afetivas, principalmente a
imprescindível convivência familiar. Além disso, em meio a toda essa
dificuldade de adaptação, da tolerância necessária, para que todos possam
progredir com saúde psíquica, no servir espontâneo, no auxílio fraterno mútuo,
as almas ainda não sabem usar com bom senso, com simplicidade, o
livre-arbítrio, a livre escolha, quando optam por vivenciar as suas ações de
convivência sócio afetiva. E aqui devo dizer mais uma vez, que os males
oriundos do orgulho, do egoísmo e do ódio, até agora tão presentes em nossas
consciências inferiores, prejudicam fortemente a predominância dos bens da
humildade, da caridade e do amor. Enfim, como alunos (seres espirituais) aprendizes,
em nossos estágios transitórios evolutivos, somos passíveis de erros, de
faltas, que, no entanto, deverão ser corrigidos com boa vontade, respeitando-se
o livre-arbítrio, a livre escolha de cada um de nós. Traçamos os nossos
próprios caminhos de melhoria consciencial. E todos nós vamos alcançar em nosso
porvir a plenitude evolutiva. Mas esse alcance de inefável felicidade depende
da vontade de cada um de nós. Se temos boa vontade, alcançamos mais cedo essa
plenitude evolutiva, se não temos, alcançamos mais tarde. Deus, Jesus e os Bons
Espíritos têm a paciência, a compreensão, a humildade, a caridade, e o amor
eternos para nos esperar. Por enquanto, vamos nos preocupar em nos livrar aos
poucos das nossas bagagens impuras, das nossas coisas velhas e ruins,
substituindo-as por bagagens puras, por coisas boas e novas, visto que, sempre
é bom tempo de nos renovarmos interiormente, de nos preocuparmos com a nossa
reforma íntima, que, afinal, é pra isso que estamos aqui: pra deixarmos de ser,
seres espirituais inferiores, pra sermos seres espirituais regenerativos, mais
próximos, portanto, de nossa superioridade moral.
Escritor Adilson Fontoura
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