quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

POESIA ACHADA


 
Passa o vento, tão suave, suavíssimo vento,
deixando-me o aroma delicioso das flores silvestres;
enquanto a minha alma se encanta
com a serenidade da manhã,
que se inicia plena da luminosidade solar,
saudando genuinamente a espirituosa natureza.

Ó esse vento, ainda passando tão suavíssimo,
deixando-me lembranças fraternas de um tempo passado;
sinto o cheiro saudosista dessas lembranças,
adentrando em minhas narinas salientes;
indo logo alojar-se no fundo de outro ser distinto,
que habita momentâneo nesse vaso corpóreo
já um tanto gasto, mas que ainda absorve
os resquícios remanescentes de um tempo existencial,
anteriormente vivenciado por minha alma.
 
Sinto que há também nesse vento,
fragmentos invisíveis de minha vida espiritual vindoura;
a minha vida espiritual latente no vento que passa,
no podendo, entretanto, ainda sê-me de todo revelada;
mas apreendo um pouco do que ainda vou vivenciar,
em minhas futuras jornadas reencarnatórias.
  
No interior do vento, uma parte de minha alma
não dorme; e segue desperta ao meu porvir
espiritual; e de lá vai ficar na espera do todo
dela, que ainda está alojada na massa corpórea;
enquanto as sobras do vento que suave passa,
varre com delicadeza as folhas caídas das árvores,
entrevejo o que fui em meu passado experimental
de alma aprendiz, e agora resgato em meu presente
existencial, um tanto das impurezas acumuladas,
que alivia o peso da bagagem impura que a minha
alma ainda carrega, para que haja menos sobrecarrego
dos infortúnios, que impedem-na de progredir livre,
pelas sendas luminosas da vida moral superior.
 
Enquanto contemplo abstraído um rebanho
de carneiros e ovelhas, que descem desembestados
pela encosta íngreme, para descansarem
em meio a planície dos prados verdejantes,
e um bando de garças brancas viajam
mais ao longe, em voos rasantes por sobre
as águas mansas do rio, cujo destino é o pouso
nas árvores frondosas que as esperam
nos boqueirões fundos, onde a noite já chega
com antecedência, para nelas se resguardarem
calmas e pacientes à espera do sono habitual;
e para que possam em perispírito, temporariamente,
desprender-se dos corpos físicos alados,
num voo fraterno de visita às suas aves irmãs
já desencarnadas; a minha alma também
se compraz com esses instantes sublimes
de contemplação das coisas naturais
por Deus criadas; e está prestes, ( como
os carneiros e ovelhas, como as garças
brancas, como o sol, que já almeja
iluminar o outro lado do nosso planeta,
como o vento suave que passou,
e já vai longe levando com ele uma parte
de minha alma futurista ), em recolher-se
junto com o meu corpo físico, e deixá-lo
inerte ensaiando a própria morte;

para que a minha alma possa,
perispiritualmente, adentrar no espaço
espiritual, para fazer o que ela mais gosta:
auxiliar como socorrista, as almas
que desencarnam em sofrimento,
trazendo-lhes o precioso conforto
espiritual de que tanto necessitam,
nas primeiras horas de desenlace
corpóreo, transportando-as a uma
colônia hospitaleira mais próxima,
para depois, quem sabe, visitar a lua,
alguma estrela, contemplar a Terra,
vista espiritualmente do Lar Eterno
de Deus, o Universo; em seguida
retornar ao meu corpo físico,
para cumprir com a sua jornada
reencarnatória, no intento edificante
de continuar trilhando pelas sendas
luminosas que me conduzam no porvir,
à próxima etapa moral regenerativa.
 
Escritor Adilson Fontoura           





  






 



Nenhum comentário:

Postar um comentário