quinta-feira, 24 de abril de 2014

A PAZ NOS CAMPOS E NAS CIDADES


Eu sei que a paz que há nos campos,
não é a mesma paz que há nas cidades;
porque há mais paz onde tem menos gente;
e há menos paz onde tem mais gente;
há mais paz onde Deus simboliza o natural;
e há menos paz onde Deus simboliza o artificial;
visto que, nos campos toda gente se nutre apenas
do simples viver; ao contrário das cidades,
onde toda gente se ilude com a vida luxuosa,
tão cheia dos vícios e prazeres vãos mundanos.

Por isso que a vida nos campos é mais pacífica,
sendo o oposto da vida nas cidades, já tão violenta;
quão bom seria se o cidadão urbano pudesse
andar pelas ruas e avenidas sem preocupar-se
com a ação maléfica do seu semelhante;
 
porquanto nos campos, o camponês anda tranquilo,
léguas e léguas, sem ser importunado ou violentado
por qualquer ato nocivo que lhe ceife a vida pacata
e simples de vivência rural; convicto de que pode
confiar em quem anda ao seu lado, ou em quem
anda em sentido contrário, como se lhe viesse
ao encontro, mas que passa bem sossegado, e lhe
ostenta um suave sorriso com uma gentil saudação.
 
Parece que o homem, quanto mais se moderniza,
mais também se brutaliza seduzido pelas ambições
materiais; que o tornam feliz ilusoriamente; que o tornam
egoísta em demasia, quando busca a si os bens
materiais que lhe trazem um bem-estar aparente;
que o fazem ser um rei prepotente na vida encarnada;
mas o rebaixam a um reles mendigo andrajoso,
nos umbrais infernais da ínfima vida desencarnada.
 
Todavia, quando falo que há mais paz nos campos,
não é porque essa paz campesina esteja deveras
consolidada; não é porque alguma gente moradora
nos campos, não haja de algum modo com violência;
não é porque no interior tosco das casas campestres,
a violência não predomine entre as gentes com almas
ainda inferiores; já que o mal ( tão forte mas tão efêmero
em quem o cultiva, não é tão sólido e tão poderoso
quanto o bem eterno em quem deseja cultivá-lo),
  
se alastra desumanamente impiedoso, tanto nos campos
quanto nas cidades, mediante as ações perniciosas
dos homens, que continuam a nutrir-se dos males
de suas consciências imorais; mas se o mal ainda age
com fingida sedução, nas consciências dos homens
que moram nas cidades e nos campos, é porque
o bem até então, não lhe prevalecem interiormente;
é porque o bem até agora, não tem força suficiente
para embelezar com amor, as interioridades impuras.
 
Se um homem ou uma mulher, em gesto tão raro
( numa mansão urbana ou num casebre campesino ),
se contentam enlevados em contemplar a beleza
singela de um ramalhete de flores naturais
( sem tocá-las ou cheirá-las ), é porque as tocam
e as cheiram somente com as sensibilidades
de suas energias fluídicas interiores, que se irradiam
pacíficas ( e não violentas ) por entre o aspecto
formoso das flores, gerando a interação harmoniosa
benévola entre as energias humanas e vegetais.
 
Sim, é verdade! Há mais paz nos campos do que
nas cidades, não só porque nos campos tem menos
gente para divergir em diversos conflitos existenciais;
mas também porque os campos, com toda harmonia
silvestre dos elementos naturais, simbolizam a paz
esperada por Deus entre os homens que vivenciam
constantes desarmonias nas relações sócio afetivas.
 
A paz suprema deve existir sempre, a partir da unidade
harmoniosa do homem com a natureza; e não a partir
das ações violentas do homem destruindo os elementos   
naturais, desmatando, poluindo e artificializando a natureza,
produzindo desequilíbrio desastroso em todo ecossistema.
 
Como conseguimos, afinal, a paz essencial? Quando
plantamos, colhemos e ingerimos os alimentos
sem agrotóxicos; quando preservamos a fauna em seu
habitat natural; quando preservamos a flora garantindo
qualidade de vida ambiental; quando estimulamos
o desenvolvimento sustentável visando equilíbrio entre
o homem e as condições ambientais que o cercam;
quando promovemos a igualdade social; quando libertamos
a consciência das várias formas de preconceitos; quando
combatemos os defeitos morais que inferiorizam
a consciência; quando eliminamos os vícios mundanos
que lesam a organização física e espiritual; quando
plantamos na consciência e semeamos no próximo,
o amor e o bem edificantes, para que a paz fundamental
predomine todo tempo nas ações sócio ambientais
diárias dos homens rurais e urbanos de boa vontade;
quando amamos, respeitamos e compreendemos
o próximo, conforme as Leis Naturais e Morais de Deus!
 
Escritor Adilson Fontoura


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