Sim, eu sei que gosto muito de flores,
porque elas são uma das belezas divinas na
natureza.
As flores simbolizam o belo do Deus vegetal,
matizando a flora viçosa tão cheia de encanto
florido.
Mas esse amor especial que sinto pelas flores,
não é só porque sou um poeta amante da
natureza,
não é só porque as flores aromatizam minha
alma sensível,
não é só porque me inspiro nelas para compor
líricos poemas,
não é só porque o seu néctar adocica o meu
coração amoroso,
é porque eu também tenho um pouco da alma
feminina.
Preciso dizer que gosto muito de flores, mesmo
sendo uma alma
masculina, já que, como há duas almas em mim,
no sentido
criativo da sensibilidade artística, ora eu
gosto de flores como
homem, ora eu gosto de flores como mulher; e
sinto-me bem,
nutrindo-me do lirismo florido desses
sentimentos vegetais
masculinos e femininos, que brotam e fluem de
mim de um modo
tão natural, como a naturalidade de Deus,
existindo espontâneo
em todas as coisas. Uma das coisas que a
mulher mais gosta
é receber flores, sobretudo as rosas: pretas,
brancas, vermelhas,
amarelas, cinzas, lilases... A rosa é, sem
dúvida, a rainha
das flores! Será que tem mulher insensível às
flores? Pode até
ter, mas é uma raridade! Eu, por exemplo, até
hoje, só conheci
uma, e, coitada, era tão tosca, que, a
despeito de ser feminina,
não tinha sensibilidade poética para, nem
receber nem contemplar
a beleza singela das flores. Já eu, tão
vigorosamente masculino,
tenho, entretanto, a sensualidade do encanto
feminino, para
me deixar ser seduzido por um buquê de flores
a mim doado
pela mulher que amo. Para quem crê em vidas
passadas, sabe,
que a alma pode alojar-se, ora num vaso carnal
masculino,
ora num vaso carnal feminino. Desse modo,
justifica-se,
essa minha adoração, um tanto bucólica, um
tanto poética
pelas flores. Por intuição, acho que, em vidas
passadas,
fui um poeta (como sou hoje) que amava compor
poemas
ressaltando a beleza lírica das flores. Como
posso já ter sido
um jardineiro, cuidando com simplicidade, de
tão belos jardins
floridos. Ou ainda ter sido um floricultor,
com pendor, não só,
para comerciar flores, mas para também amá-las
espontaneamente, como se deve amar a Deus, a
natureza,
e ao nosso próximo, como amamos a nós mesmos.
Quem gosta
de ofertar flores, doa de si, amorosamente, os
sentimentos
virtuosos floridos.
Escritor Adilson Fontoura
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