sábado, 20 de setembro de 2014

SENTIMENTOS FLORIDOS



Sim, eu sei que gosto muito de flores,
porque elas são uma das belezas divinas na natureza.
As flores simbolizam o belo do Deus vegetal,
matizando a flora viçosa tão cheia de encanto florido.
Mas esse amor especial que sinto pelas flores,
não é só porque sou um poeta amante da natureza,
não é só porque as flores aromatizam minha alma sensível,
não é só porque me inspiro nelas para compor líricos poemas,
não é só porque o seu néctar adocica o meu coração amoroso,
é porque eu também tenho um pouco da alma feminina.
Preciso dizer que gosto muito de flores, mesmo sendo uma alma
masculina, já que, como há duas almas em mim, no sentido
criativo da sensibilidade artística, ora eu gosto de flores como
homem, ora eu gosto de flores como mulher; e sinto-me bem,
nutrindo-me do lirismo florido desses sentimentos vegetais
masculinos e femininos, que brotam e fluem de mim de um modo
tão natural, como a naturalidade de Deus, existindo espontâneo
em todas as coisas. Uma das coisas que a mulher mais gosta
é receber flores, sobretudo as rosas: pretas, brancas, vermelhas,
amarelas, cinzas, lilases... A rosa é, sem dúvida, a rainha
das flores! Será que tem mulher insensível às flores? Pode até
ter, mas é uma raridade! Eu, por exemplo, até hoje, só conheci
uma, e, coitada, era tão tosca, que, a despeito de ser feminina,
não tinha sensibilidade poética para, nem receber nem contemplar
a beleza singela das flores. Já eu, tão vigorosamente masculino,
tenho, entretanto, a sensualidade do encanto feminino, para
me deixar ser seduzido por um buquê de flores a mim doado
pela mulher que amo. Para quem crê em vidas passadas, sabe,
que a alma pode alojar-se, ora num vaso carnal masculino,
ora num vaso carnal feminino. Desse modo, justifica-se,
essa minha adoração, um tanto bucólica, um tanto poética
pelas flores. Por intuição, acho que, em vidas passadas,
fui um poeta (como sou hoje) que amava compor poemas
ressaltando a beleza lírica das flores. Como posso já ter sido
um jardineiro, cuidando com simplicidade, de tão belos jardins
floridos. Ou ainda ter sido um floricultor, com pendor, não só,
para comerciar flores, mas para também amá-las
espontaneamente, como se deve amar a Deus, a natureza,
e ao nosso próximo, como amamos a nós mesmos. Quem gosta
de ofertar flores, doa de si, amorosamente, os sentimentos
virtuosos floridos.
 
Escritor Adilson Fontoura
 




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