Sei que és do teu modo, um tanto infeliz,
morando nesse casebre de taipa e chão batido; mas retiras de tua pobreza, as
lições para uma vida vindoura feliz, mediante as provas porque passas, em teus
dias e noites entristecidos. Suportas, sob esse telhado de velhas pingueiras, o
teu carma tão dorido, mesmo que, em vagos sonhos, sintas alegria em ver-se
morando numa vivenda suntuosa; que não condiz, entretanto, com a pobre
realidade que vivencias, oposta aos teus desejos oníricos tão reprimidos. Se
passas agora por duras provas, antes de reencarnar, foi desse modo que quis.
Portanto, não sintas falta de luxo e riqueza em tua vida carnal passageira,
porquanto, em etapas anteriores, não as soube usufruir com humildade e
caridade; aprendes, então, a viver com simplicidade a tua pobreza, que será, a
teu porvir, tão alvissareira, à medida que perseveras na superação do que
outrora só lhe trouxe infelicidade. Vivas em tua tosca casa, retirando da pobre
moradia a tua valiosa riqueza moral; decerto não vês, mas em teu recinto
doméstico, salutares energias são derramadas por anjos celestiais; que se
acumulam em teu espírito como sentimentos virtuosos, repercutindo em teu
estágio experimental de vivência encarnada, para que avances gradativo, em teus
renovados intentos conscienciais.
Escritor Adilson Fontoura
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