Eu faço versos como
quem
pensa no amanhã
sem ainda o ter vivido;
porque
escrever,
em prosa ou verso,
é como projetar o porvir
antes dele vir a ocorrer.
Olho para a folha
em branco; penso
num tema, numa rima
ou
verso livre; no poema
inexistido; e tenho que
contar com a inspiração,
criatividade, recurso
estilístico, para que
a arte literária, em sua
construção
paulatina,
realize-se com prazer.
Quando penso em fazer
o
poema, antes de tocá-lo
com
as minhas mãos carnais,
toco-o com as minhas mãos
perispirituais;
acalento-o
com a sensibilidade de minha
consciência artística,
penetrando
amavelmente
eu seu íntimo durante
a poética elaboração.
É
uma ocupação artesanal
que requer abnegada
paciência, para saber-se
apreender no silêncio
dos
dispersos vocábulos
latentes, os versos que
delineiam
o sentido temático
da obra literária em gestação.
E quando, enfim, o poeta
sente na consciência,
o
porvir imediato prazeroso
que vislumbra, ante o anseio
esperançoso de conclusão
do poema, o coração acelera
e bate mais forte; a emoção
se apossa do órgão
propulsor; os versos finais
fluem aos borbotões;
e a alma poética,
tão feliz, dar à luz
ao tão almejado filho: o poema!
Escritor Adilson Fontoura
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