quarta-feira, 16 de julho de 2014

A COMPOSIÇÃO DO POEMA


Eu faço versos como
    quem pensa no amanhã
            sem ainda o ter vivido;
                 porque escrever,
            em prosa ou verso,
      é como projetar o porvir
antes dele vir a ocorrer.
         Olho para a folha
             em branco; penso
          num tema, numa rima
     ou verso livre; no poema
inexistido; e tenho que
contar com a inspiração,
       criatividade, recurso
             estilístico, para que
          a arte literária, em sua
      construção paulatina,
realize-se com prazer.
Quando penso em fazer
  o poema, antes de tocá-lo
       com as minhas mãos carnais,
        toco-o com as minhas mãos
    perispirituais; acalento-o
com a sensibilidade de minha
consciência artística,
  penetrando amavelmente
           eu seu íntimo durante
           a poética elaboração.
      É uma ocupação artesanal
que requer abnegada
paciência, para saber-se
       apreender no silêncio
         dos dispersos vocábulos
           latentes, os versos que
      delineiam o sentido temático
da obra literária em gestação.
E quando, enfim, o poeta
        sente na consciência,
      o porvir imediato prazeroso
        que vislumbra, ante o anseio
     esperançoso de conclusão
do poema, o coração acelera
e bate mais forte; a emoção
           se apossa do órgão
            propulsor; os versos finais
                fluem aos borbotões;
             e a alma poética,
        tão feliz, dar à luz
ao tão almejado filho: o poema!
 
Escritor Adilson Fontoura
 





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