Uma folha seca caída
pousa em minha mão,
provinda da árvore
que sorri do meu gesto
singelo. Amparo
a natureza com
a sensível emoção
do meu coração,
enquanto o vento
que a fazia bailar no
ar desfaz o seu anelo
de envolve-la ( como
se a quisesse reter
apenas por algum
instante, movido
pela vontade aparente
de apreciar a sua
sensualidade natural
dançando no ar,
já sem a seiva com
o seu teor lubrificante ),
por causa de minha
terna mão, acolhendo
a sua seca leveza
de folha sem vida
vegetal, antes de ser
húmus, tão útil
à fertilização do solo.
Outras folhas secas
vão caindo e a passagem
do vento a fazem bailar
em gestos tão sensuais.
A árvore já não sorri;
apenas expressa a sua
decepção num triste
lamento, por ver que
as outras folhas não
tiveram o mesmo
destino de serem
acolhidas em minha
pequena mão. Então,
eu, vendo-as já caídas
sobre o solo, num gesto
nobre de solidariedade,
deixo a folha seca cair
de minha mão para
juntar-se às outras,
que a recebem com
o carinho vegetal,
pois sabem que vão
servir de adubo natural
à terra; e a árvore,
olhando-me embevecida,
compreendeu o meu gesto,
voltando a sorrir para mim.
Escritor Adilson Fontoura
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